sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Matéria de site...

Eu tinha dito que o blog era voltado para tanto para material publicitário como para matérias de revistas e sites, não é? Então, hoje, vou dar um descanso à agências de propaganda (por enquanto) e vou falar do site Globo.com. Também é meu preferido quando se trata de erros em material da internet.

Eu já cansei de mandar e-mails para eles corrigindo as matérias. E sempre recebo um e-mail de resposta, com o link da matéria corrigida, instantes depois. Ou seja, "tô" trabalhando de graça. Mas é pelo bem da redação. A matéria de hoje é do site Ego. Não vou nem discutir a importância desse site na minha vida, porque não vale a pena. Mas, infelizmente, tenho que ler de tudo, inclusive informações desnecessárias sobre a vida dos artistas. Cabe ressaltar que o Ego é o canal da Globo.com que apresenta mais erros.

Hoje, de relance, peguei uma matéria sobre a Susana Vieira, e de cara vi dois erros. Mas nessa matéria não se tratava propriamente de erro gramatical, e sim falta de atenção. Porque eles querem dar a notícia em primeira mão, então, redigem com certa rapidez e postam a matéria sem revisão. É, acabam confirmando que a pressa é sempre inimiga da perfeição. É aquela coisa que o grupo Globo gosta de falar no comercial: "on line, on time, full time"... "and no time" para revisão.


Eu marquei de vermelho os "deslizes" na matéria. Pode ser que eles tenham corrigido. Desta vez eu não mandei e-mail, porque queria publicar aqui as falhas. Depois eu mando. Ou não...

Bora lá. No subtítulo "Atriz dança animada e não se dá conta de que transparência revela mais do que ele gostaria", ao fazer a referência à palavra "atriz" (olha a anáfora aí, gente! Chora, cavaco!), em vez de colocar "ela", colocou "ele":. Deveria ser "... transparência revela mais do que ela gostaria".

No texto abaixo, esqueceu o "e" de "Cinquentinha". E trocou o "a" por "e" na palavra "revelado". Aí, acabou escrevendo: "Cinquntinha" e "reveledo".

Olha, erro de digitação acontece. Eu já cansei de corrigir e recorrigir as minhas matérias deste blog, por causa disso. Até tive a ajuda do meu amigo Renan, que consegue pegar essas falhas com uma facilidade gigantesca (podia ser revisor, né? Não, ele merece coisa melhor). Só que eu escrevo coisa pra caramba. Meus posts são enoooooooormes. Agora, uma matéria com 4 linhas e 3 erros de digitação? É muita falta de cuidado, mesmo. Querem dar a notícia antes de todo mundo, e acabam fazendo isso. Olha o R7.com, aí, meu povo e minha pova. O site da concorrente tem até um link chamado "Comunicar erro" (de gramática, inclusive). Não precisa nem dizer que eu A-MEI...

Então, é isso. Esta postagem foi fraca, mas foi democrática. Daqui a pouco eu volto com as agências, minhas contratantes potenciais.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Casa de ferreiro, espeto de pau - parte I

Nesta minha busca por uma vaguinha nas agências, venho visitando sites e mais sites – das menores às maiores. Sempre pergunto se eles estão precisando de revisor, falo da minha experiência, os clientes para os quais trabalhei e trabalho, blá, blá, blá... Mas diante da afirmativa deles de que estão bem servidos de revisor, minha vontade é dizer: "Ah! A agência 'tá' mesmo bem servida? Então, olha isso...". Dá vontade de pegar os trabalhos que eu revisei e mostrar que não é bem assim. Só que aí começo a pensar: "Tatiana, 'tu não é' (sic) a última bolacha do pacote, não. 'Tu erra' (sic), também". Além do que a boa educação me manda dizer, com aquela falsa alegria de telemarketing: "Olá!!! Muito obrigada pela resposta imediata. Aproveito para informar que estou sempre à disposição, inclusive para trabalhar como freelancer".

Mas meu recalque não se controla. Vou passeando pela internet e vejo que, realmente, em casa de ferreiro, o espeto é de pau. Há uma série de erros gramaticais (sem falar em outros tipos) nos sites de algumas agências. O que não deveria ocorrer, já que o site é um cartão de visita das empresas de publicidade (aliás, de qualquer tipo de negócio).

Então, comecei a série "Casa de ferreiro, espeto de pau". Vou tentar postar os erros das "mais-mais", senão vou ter que criar um blog especial só pra esta série. Vamos inaugurar com a Artplan. Peguei um trecho da página sobre a Agência (tive que "disfarçar"a carinha do artista). A seguir:


Segundo parágrafo: "A separação entre propaganda convencional, promoção, eventos e tantas outras ferramentas de comunicação não existe mais. As vezes, uma solução criativa está na propaganda sozinha. As vezes não. Por isso, não basta ser apenas uma agência tradicional, mas um parceiro estratégico". Faltou a crase de "Às vezes", nas duas marcações. É regra: quando é locução adverbial (feminina) de tempo – determinando frequência –, leva o acento grave, indicativo de crase. Já se "as vezes" significar "o papel", como em: "Faço as vezes (= o papel) de médico aqui em casa", então não teremos a ocorrência de crase. Assim como também não ocorrerá crase em: "Foram raras as vezes (foram raros os momentos) em que eu não procurei erro em um texto". Porque aqui "vezes" é substantivo e não está se juntando a nenhum outro elemento para compor uma locução. É simples. Macete (odeio macete, mas às vezes funciona. E aqui, serve só para efeito comparativo e não de sentido): substituir por outro advérbio de tempo (masculino): "Às vezes (aos sábados), eu saio para fazer compras no shopping".

E continua. Existe uma barra de rolagem. Por isso, na imagem não aparece todo o texto, mas vou reproduzir o pedaço restante.

2. Não sei quando publicaram o texto. Mas como a própria agência se intitula "uma das 15 maiores agências do país", precisa atualizar o site, sempre que possível. Sabemos que a antiga regra ortográfica ainda não foi extinta. Mas a maioria dos meios de comunicação já adotou o novo acordo. Questão de afinação com a atualidade.

No penúltimo parágrafo, temos: "Queremos, sim, fazer muitos filmes, anúncios, jingles e outdoors para você. Mas ainda é pouco. É preciso surpreender o consumidor com novos caminhos e formatos de idéias, ousar, reinventar modelos já desgastados". Pois é... texto bacaninha. Mas "ideia" perdeu o acento agudo. Vale lembrar aqui a nova regra: não se usa mais o acento dos ditongos abertos "éi" e "ói" das paroxítonas. Paróxitonas são as palavras cujo acento tônico recai na penúltima sílaba. Mas atenção: as oxítonas em "éi" e "ói" continuam com acento agudo. Assim, "heróico" passa a se escrever "heroico". No entanto, "herói" continua acentuado.

3. E pra fechar este post, lá no link para o filme, com a foto do artista, temos um erro de regência. O verbo "assistir" admite regências diferentes, podendo ser transitivo direto, transitivo indireto ou intransitivo. Mas quando se muda a regência, o significado muda junto.

Vamos lá. Assistir, no sentido de "ajudar", não requer preposição: "Assistia os doentes sempre que podia". No sentido de "morar", é intransitivo. Admite um adjunto adverbial: "Assisto no Rio de Janeiro". Ainda temos o sentido "caber, competir, pertencer", que solicita a preposição "a": "É um direito que assiste a todos". O mesmo vale para "assistir" no sentido de "ver, presenciar": "Clique aqui e assista ao filme" – a construção que deveria estar no site.

Espero que este blog não esteja sendo visto de forma negativa. Com todo o meu respeito, não estou reproduzindo estas informações com intenção de depreciar ninguém. Caso alguém se sinta ofendido, é só entrar em contato comigo, e eu tiro a imagem do blog. Caso alguém se sinta desamparado, me chama... estou aberta a propostas... hehehehe.

É isso. Atentos à próxima.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Isto ou isso?

Nos meus processos de revisão, sempre fiz muitas substituições de "isso" por "isto" e vice-versa. Como sempre havia alguém que não se conformava, a pergunta logo surgia: "Mas por que aqui você trocou?", ou então: "Não entendo quando usar um ou outro". A gente aprende de uma forma bem prática: perto ou longe.

A diferença entre isto e isso está na relação de proximidade do emissor. Se algo está perto de mim, e eu estou falando com outra pessoa, uso "isto": "Isto aqui é meu". Se o objeto está perto da pessoa com quem falo, eu uso "isso": "Isso aí também é meu".

Seguindo essa lógica, fica fácil. Mas, e quando se trata de um texto como: "Isso/Isto é o que acontece comigo: mania de revisar". Como saber se é "isso" ou "isto"? Aí, a gente tem que entrar numa história muito conhecida dos redatores: coesão e coerência. Sem muita enrolação, vamos direto para referência, que é uma categoria de procedimento da qual depende a coesão textual. De uma forma mais "pop", vamos combinar mais ou menos assim: é a função pela qual um termo se relaciona com outro dentro de um contexto.

Temos dois tipos de referência: endofórica e exofórica. A primeira se dá com elementos do próprio texto; a segunda é extratextual. No nosso caso, vamos falar da endofórica, que, por sua vez, pode ser anafórica ou catafórica. A anafórica se dá quando o item de referência retoma um signo já expresso anteriormente (como se quiséssemos "relembrar" o que dissemos). Exemplo: A Tatiana é meio maluca. Ela tem mania de revisar. "Ela", aqui, faz menção a "Tatiana", termo já apresentado na oração anterior. Já na catafórica, o item de referência vai antecipar uma informação ainda não expressa no texto (tipo um teaser, anunciando: "prestenção no que vem por aí"). Exemplo: Só quero isto: que não haja mais erros gramaticais em peças publicitárias. É aí que se ilustra a relação de proximidade de que falamos lá em cima. Só que aqui, não temos uma distância "física".   


Bem, na peça deste post, temos logo de cara um exemplo de cada referência, curiosamente invertidos, se quisermos ser rígidos quanto à língua (o que é humanamente impossível, em se tratando de um elemento vivo).

Vamos à primeira oração: "Imagine se isso acontecesse com as suas axilas". O signo ainda não foi expresso no texto. Ou seja, temos uma referência catafórica. E qual seria o "signo" aqui? A pétala de rosa murcha. Logo, "isso" se refere a "suas axilas sem hidratação". Se temos uma catáfora, deveríamos usar: "isto" (via de regra, gente).

Já ao final, no bloco de texto ao lado do desodorante, temos a última frase: "O seu antitranspirante consegue fazer isto?". Uai, se estamos retomando tudo o que já foi dito  (tudo que Dove faz: axilas maravilhosas, pele hidratada, macia e com 24 horas de proteção), temos uma anáfora. Mais precisamente uma substituição,  na qual o componente é retomado por uma pro-forma verbal (o verbo fazer, sempre acompanhado de uma forma pronominal. No caso, "isto"), com uma função pro-oração. Palma, palma, não priemos cânico. Traduzindo, "fazer isto" substitui toda a frase (ou ideia): "manter suas axilas 17% mais hidratadas, blá, blá, blá e tchau, odor", para que o texto não fique repetitivo. Mecanismo de coesão. Mas então, não deveria ser "isso", em vez de "isto"?

O primeiro caso é bem claro. Já no segundo, há divergências. Porque uns afirmam que a informação "acabou" de ser dada, então, a proximidade se comprova, permitindo usar "isto". Já outros dizem que, se estamos fazendo menção a um termo que já foi apresentado, a regra é usar "isso" (levando em conta passagens de um texto que precedem um determinado passo do discurso escrito). No nosso português, isso não é claro. A gente vê, na grande maioria, "isso" no lugar de "isto". Até porque é mais econômico falar (em fonética, a lei do menor esfoço).


Anáforas e catáforas à parte (chega de desgraça), tem uma coisa que eu não considero grave, mas tem que acertar. Na segunda imagem da pétala (da axila que não usa Dove), após as reticências, eles bem que poderiam ter colocado um espaço: "... do que os outros antitranspirantes". Concordam?

Agora chega, né?

Depois dessa, só uma cervejinha – a que desce "redondo". Mas sem falar de derivação imprópria do "redondo". Eu prefiro um franguinho à (moda) passarinho pra acompanhar. Gramática causa indigestão.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

HSBC, minha grande paixão

Bem, gente, HSBC é meu xodó. Não é só porque eu reviso material do banco, não. É porque ele tem um Guide absolutamente fantástico. Para quem gosta de revisar e tem TOC como eu, o Guide é uma bíblia.
Então, peguei um flyer numa agência do HSBC – coisa que faço com frequência. Pior: fico olhando até banner e cartaz afixado na parede. O segurança do banco não me vê com bons olhos.


Lá vai a peça deste post (material de agência concorrente).

Vou reproduzir o primeiro parágrafo: "Trocar de carro, fazer a viagem dos sonhos, reformar a sua casa – seja qual for seu objetivo com o Investimento Programado do HSBC ele é possível. Tudo que você precisa é de planejamento e aplicações regulares, assim seu dinheiro vai rendendo e quando perceber já estará bem perto de concretizar seus projetos".

Se eu seguir uma linha rígida, já teria considerado "Trocar de carro" um erro, já que trocar é um verbo transitivo direto. Ou seja, via de regra, não solicita preposição. Mas, como a linguagem é direta ao cliente, até não vejo problema com isso, não. Não posso engessar um texto publicitário.

O problema começa com o texto após o travessão. O correto seria colocar uma vírgula após "objetivo" e outra depois de "HSBC". Vejamos se agora não gera um entendimento mais organizado: "seja qual for seu objetivo, com o Investimento Programado do HSBC, ele é possível". Melhorou, né? Gente, vírgula não é necessariamente pausa. Entendo que ela também esteja ligada à Sintaxe, com o objetivo de organizar as orações. De forma que nos permita uma leitura compreensível e não gere confusão.

A segunda oração também está confusa. Em primeiro lugar, minha rigidez para "Tudo que você precisa". Bem, "precisar" é um verbo transitivo indireto. Solicita uma preposição ("de"). "Que", neste caso, funciona como pronome relativo. Então deveríamos usar a preposição junto a "que" (lembram das aulas da tia do português? Pronomes relativos e regência verbal, essas torturas de que gosto muito e sem as quais não vivo): "Tudo de que você precisa é planejamento" seria a construção mais correta. Mas, como é texto publicitário... sem gesso, dona Tatica. Mas o pior está por vir. Temos: "assim seu dinheiro vai rendendo e quando perceber já estará bem perto de concretizar seus projetos". Aqui, faltaram as vírgulas para organizar a massa de texto. Além disso, o sentido produzido, com a presença da conjunção "e", leva-nos a inferir que é o dinheiro que "percebe" ou "está perto de concretizar" algo. É claro que essa não foi a intenção do redator. Ele quis subentender outro sujeito: "você". Existe uma regra pouco usada, que exige a vírgula antes da conjunção "e" quando ela une duas orações com sujeitos diferentes. É o caso. E eu sugiro colocar "você", para que tenhamos clareza. Sugestão minha no trecho: "assim seu dinheiro vai rendendo, e quando você perceber, já estará bem perto de concretizar seus projetos".

Fechou? Ainda não... minha revisão do segundo parágrafo é puro estilo. Primeiro, na terceira linha, há uma única hifenização (a palavra "automaticamente"). A coluna de texto inteira não tinha um único hífen separando sílabas. Vai ter só aqui? Falta de cuidado, meu povo e minha pova! Fora que a palavra "sonhos" ficou sozinha, coitada, na última linha.

É isso, minha gente. Como diria meu amigo Gatti: "Me corrija se eu estiver errada".





Apresentando o blog

Gente, minha ideia pra fazer este blog? Nem foi minha. Mas quem me conhece sabe que eu tenho TOC de revisão. Eu reviso absolutamente tudo. Não sei por quê. Só sei que começou com uma vontade incessante de "alinhar" objetos aparentemente tortos – tipo, na mesa de uma pizzaria, em vez de conversar, eu ficava alinhando o porta-guardanapo com a cestinha de ketchup. Eu cheguei ao cúmulo de estar em uma delegacia registrando uma ocorrência (tinha sofrido um assalto) e comecei a revisar o Registro de Ocorrência. No meio de um enterro, vim descendo a ladeira do cemitério, e deparei com um acento onde não devia. Na maior tristeza, de repente, perdida no tempo, eu me pego corrigindo: "Pô, mas Cacuia não tem acento!". Tudo isso é verdade. Sou dodói.
Enfim, encontrei o emprego certo quando me candidatei a revisora em uma agência de publicidade, que tinha como cliente um supermercado. Vocês não imaginam a minha alegria em revisar encarte. Aliás, coleciono encartes. Só pra revisar...
Mas também só sei fazer isso. Porque, curiosamente, não consigo compreender a complexidade de fazer contas. A Matemática não gosta de ser generosa comigo. Tenho testemunhas que comprovam a minha, digamos, deficiência técnica para entender números. Sempre fico devendo 50 centavos pro camelô. E ai de quem deboche desta minha dificuldade. Dá até briga. Mas essa história dá muito pano pra manga; até para fazer outro blog, que se chamaria, com muita justiça: "Não sei fazer conta". Fora as minhas outras incapacidades, principalmente com tecnologia. Nasci antes de Cristo e estou sobrevivendo da palavra... e da gramática.
Mas voltando à minha incontestável capacidade para ser intransigente...
Minha mania de revisar é tanta que eu não só corrijo como envio às empresas, editoras, agências, etc. as minhas correções. Algumas me respondem, agradecendo (educadamente ou não). Outras nem me dão confiança. Aí é que eu implico mais ainda.
Então, um amigo querido me deu a ideia de fazer um blog. Aqui estou. Espero ter uma quantidade de visitantes suficiente e conto com a ajuda de quem for ler. Se achar algum anúncio ou matéria com qualquer possível erro, me manda. Ah! E se precisar de revisor, me chama!