segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mais uma da série Embalagens

A vítima de hoje é a embalagem do gel antifadiga da Natura.

Não estou contestando a qualidade os produtos da Natura – até porque este não é um site sobre a funcionalidade de um produto cosmético. Mas toda vez que acho erro em alguma embalagem, acabo não querendo comprar o produto. Isso é mania minha. Não é à toa que o blog se chama TOC. A pessoa que vos fala não se "intitula" um ser normal... hehehe.

O que me espantou, até mesmo mais do que o próprio erro, foi a qualidade da impressão. O interior da embalagem – onde estão as instruções mais detalhadas sobre o uso – tem um fundo azul escuro, sendo que a cor do texto é um "quase preto". Ou seja, não dá pra ler direito. À noite, então... esqueça! A imagem ao lado mostra exatamente como a peça é "ao vivo". Não se trata de problemas na digitalização, não. É assim mesmo... só consegue ler quem tem olhos de lince.

Mas ainda assim, com esse problema na impressão, dei um jeito de ler. Na imagem ao lado, será humanamente impossível conseguir ler. Mas eu vou transcrever o trecho com o erro em destaque.

Está assim: "2. A partir do início das sobrancelhas, pinçe a região dos olhos, rodeando toda a sua superfície (3x)". Sim, gente. Foi isso mesmo. Pensando ser algum problema na impressão, ou uma "sujeirinha" embaixo da letra, ainda dei aquela olhada com lupa, tentei aumentar o zoom da imagem, clareei no computador. E "pince" estava escrito, sim, com "ç".

Acho que essa regra nem precisa ser explicada. Todos sabemos que somente antes de "a", "o" e "u" é que o cedilha se faz necessário, para que o som seja [s]. Antes de "e" e "i" não precisa. Aí me perguntam: então por que não colocaram "ss" logo de uma vez? Culpa das regras de transição do latim para o português. Em uma outra oportunidade, postarei mais detalhes sobre essa questão. Não é nada muito carnavalesco, mas é sempre importante a gente saber a origem dessas regras. Isso vai facilitar muito a nossa vida na hora de escrever. Porque nos livros de gramática, em geral, só há listagens do tipo "Escrevem-se com g ou j", "Escrevem-se com ç", etc. Essas listas são bastante úteis, mas só servem para consulta, já que na maioria desses livros não há explicações consistentes. O que está lá, a gente acaba decorando. Mas, consultar por consultar, prefira um dicionário – você encontrará muito mais ocorrências. No entanto, não há dicionário no mundo que tenha conseguido relacionar TODAS as palavras (ou será que tem??? "Avisaê", porque eu quero um). Então, nossa dúvida vai continuar, sempre que surigir uma palavra que não estiver na famosa listinha, ou quando surgir um termo novo. Por isso uma explicação diacrônica nos dá mais chances de acertar quando houver uma nova ocorrência.

Fica aqui minha observação quanto a essa embalagem, provavelmente feita pela Taterka ou pela Trip, que são as agências que produzem alternadamente as revistas da Natura (se não for uma das duas, depois eu faço uma errata, assim que descobrir quem fez). Cumpre ressaltar que as revistas da Natura são todas sempre muito bem diagramadas e até o momento sem algum erro aparente. Mas eu estou de olho. Se eu achar, vem pro blog!

Gente, é isso. Até a próxima postagem.