terça-feira, 8 de junho de 2010

Acento diferencial

Olá, aqui estou eu de novo, e num curto espaço de tempo.

Acabo de receber mais uma contribuição para o blog. Meu caro amigo Renan, que meu deu a ideia deste blog, foi quem viu o anúncio e achou o erro. Daí, eu aproveitei, é claro, pra ver se havia mais erros. E, claro, movida pela esperança de alimentar meu TOC, fiz uma leitura pente-fino no anúncio. E não é que havia mais coisa?

Já está todo mundo "em dia" com o novo acordo ortográfico. Embora saibamos que ainda há a possibilidade de se escrever sob a antiga regra, todos os meios de comunicação, desde o ano passado, já se norteiam pelas novas normas.

O erro deste anúncio, que é da F/Nazca, se refere ao acento diferencial. Basicamente, o acento diferencial serve para distinguir palavras que se escrevem da mesma forma, mas que têm significados diferentes. A intenção é evitar confusões de entendimento. Por exemplo, o verbo "poder", na 3ª pessoa do singular, tanto no presente como no pretérito perfeito (passado) do indicativo, se escreve PODE. O acento diferencial vai ajudar a evitar confusões com relação ao tempo. Vejamos: : "Ela pode fazer isso" / "Ela pôde fazer isso". Se não houvesse o acento circunflexo, jamais poderíamos saber se se trata de passado ou presente. Imaginem a falta desse acento, por exemplo, num contrato com o seu banco. 

Com o novo acordo, alguns acentos diferenciais foram dispensados, por se entender que não haveria confusão de entendimento em situações contextuais. "Para" é um exemplo. Aboliu-se o acento que distingue o verbo "parar" (na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo) e a preposição essencial "para". Antes, tínhamos o acento agudo para diferenciar uma e outra. Por exemplo: "Ela não pára de revisar" / "Isso é para revisar".

Bem, no nosso anúncio de hoje, o erro é cometido duas vezes. Na frase "Mundial 2010. O Brasil pára. O Globo não pára". O certo, com base no novo acordo, é "O Brasil para. O Globo não para".

Eu confesso que ainda me sinto um pouco burra, ao imaginar que posso vir a confundir essas duas palavras num título de jornal, que é sempre quase telegráfico, como "Festa para a cidade". Será que foi feita uma festa pra alguma cidade, ou a festa "bombou" tanto que parou a cidade? Não sei, não. Tenho medo de ser a única a pensar isso.

Só para completar: outros acentos que "caíram" com o novo acordo: pelo (pêlo = filamento que cobre a pele do homem e de outros animais), pela (péla = bola de borracha), polo (pólo = 1. extremidade; 2. esporte) e pera (pêra = fruto da pereira). Entretanto, o acento diferencial de "pôde", explicado lá em cima, CONTINUA.

Dando prosseguimento ao nosso material em questão. Prometi achar mais erros, e aqui estão eles. Ao final da peça, temos a descrição dos prêmios.

Um deles é o iPod. Como se trata de um anúncio, temos que escrever exatamente como a marca o registrou. O correto é "i" minúsculo, colado à palavra "Pod". Só que no anúncio, temos "Ipod". Já na capacidade de armazenamento desses equipamentos, temos "G" para abreviatura de Gigabyte. Na verdade, eu pesquisei e achei "GB" e "G" para o símbolo, mas não em sites oficiais. Oficialmente, de acordo com o SI (Sistema Internacional de Medidas), o correto seria "GB". Isso ainda é reforçado pela IEC (International Eletrotechnical Commission – Comissão Eletrotécnica Internacional), que para evitar ambiguidade nos valores de MB, GB e família (tendo em vista a confusão com os reais valores dessa "tchurma"), ainda criou o termo menos simpático Mebibyte (MiB). Mas isso é um assunto de informática, coisa que eu só entenderia se nascesse de novo ou se ganhasse mais um cérebro. Como isso é meio impossível, prefiro continuar revisando... hehe.

Bem, é só. Mais uma vez, agradeço ao Renan pelo anúncio. Olha a minha doencinha pegando aí, minha gente!!!

2 comentários:

  1. Oi!

    Será que nesse caso se deve considerar um erro? Afinal, ainda que o maldito Acordo Ortográfico esteja valendo, pelo que eu sei a adesão ainda não é obrigatória. E, ainda que fosse, seria apenas para alguns tipos de publicações. Ou será que tem alguém pensando em cobrar multa de quem não escrever de acordo com as regras ortográficas do momento.

    Quanto ao acento diferencial do para/pára, eu concordo com você. A falta dele torna essas frases ambíguas. A tendência nesses casos é termos que reformular essas frases para evitar a palavra para/pára. Um malabarismo desnecessário.

    Eu sou a favor inclusive da volta de outros acentos que já haviam caído, como o da sede/sêde, forma/fôrma e corte/côrte. Esse último ainda dá para prescindir pois há uma diferença de gênero: "a côrte" e "o corte". Os outros é mais difícil. Por exemplo, "a sede de justiça" fica ambíguo. Da mesma forma (ou seria fôrma :), "asse o bolo numa forma redonda".

    Você sabe como ficou a situação dos inúmeros verbos de primeira conjugação que os portugueses diferenciam o presente e o passado com o acento agudo na conjugação da primeira pessoa do plural? Por exemplo, lá eles escrevem cantámos (passado) e cantamos (presente). Eu acho esses acentos ótimos. Seria bom se pudéssemos adotá-los por aqui também.

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  2. Adriano, e séculos depois eu respondo. Não é descaso, meu amigo. É que não recebi notificações da sua observação (Blogger mau!), e também andei meio afastada.
    Eu vou resumir, pra não atrapalhar mais... rs.
    Concordo com você. Plenamente. E ainda acho que o trema não deveria ter caído. Como explicar pra uma criança que irá aprender a ler que LINGUIÇA e GUITARRA, apesar de serem escritos da mesma forma, não têm o mesmo som?
    O caso do "para/pára" é o mais ridículo. Como você mesmo disse, um malabarismo desnecessário. Principalmente pros jornais, em que a chamada curta é que faz a diferença. Agora, quanto a forma/fôrma, ainda é facultativo usar o acento circunflexo (ufa! Pelo menos). E como ele recuperou o direito a usar o acento, eu uso SEM moderação. E ainda corrijo os textos, colocando o chapéu do vovô... rs.
    Os acentos diferenciais entre passado e presente também seriam muito bem-vindos. Porque a gente sempre tem que fazer alguma menção ao passado pra justificar o uso. Enfim, a língua não é complicada. Complicada é a Gramática.
    E o mais assustador é que levam tão a sério esse acordo que prorrogaram sua vigência pra 2016. Vai entender...

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